Resistência ao novo.
Termo genérico usado para indicar um grupo de processos, que têm em comum o espessamento e o enrijecimento das paredes arteriais, provocando a perda da elasticidade das mesmas.
A condição mais freqüente é a arteriosclerose, que é uma doença das artérias de médio e grande calibre. Pode afetar a aorta, as coronárias e as artérias cerebrais. Apresenta formação de placas fibrogordurosas nas paredes internas das artérias, sendo o colesterol o principal lipídio desencadeador.
A deformação da parede arterial dificulta o fluxo sanguíneo aos órgãos e estruturas dependentes.
A arteriosclerose causa o infarto do miocárdio e cerebral, e várias outras complicações circulatórias. Essa doença está em primeiro lugar entre as causas de morte no Ocidente.
Muitos são os fatores de risco para a arteriosclerose: entre eles, encontramos o aumento da taxa de colesterol no sangue, hipertensão, fumo, diabetes e envelhecimento.
Para compreender a concepção metafísica dessa doença é necessário observar que nosso universo consciente é composto pelas informações recebidas e também pelas experiências vividas. Nossa personalidade é formada pelos elementos apreendidos ou vivenciados durante a vida. À medida que manifestarmos esses conteúdos na realização dos objetivos, obteremos benefícios ou prejuízos, dependendo do jeito como fizermos.
Quando os resultados forem promissores, pode-se dizer que aquela maneira aprendida está de acordo com a realidade atual. Já, quando tentamos sem sucesso, algo precisa ser alterado em nós. É preciso ter a flexibilidade para se renovar.
Metafisicamente, as pessoas afetadas pela arteriosclerose não têm a sutileza necessária para acatar os resultados como sensor da sua atuação. Mesmo fracassando, elas não abrem mão daquilo que aprenderam. As crenças e valores adotados tornam-se leis para elas. Estão sempre dispostas a defender aquilo que consideram certo. Não hesitam em ir às últimas conseqüências para manter suas verdades.
Mesmo que tudo a sua volta seja contrário ao que aprenderam, resistem a qualquer reformulação interior. Para elas, o mundo e as pessoas devem se adaptar aos seus valores.
Cobram de si mesmas e geralmente dos outros uma retidão de conduta. A rigidez de caráter deixa a pessoa restrita e limitada, dificultando sua interação harmoniosa com a vida.
Sua inflexibilidade diante das situações não lhe permite acatar as opiniões alheias, nem ceder às exigências do meio. Para ela, é mais fácil abster-se de um privilégio do que abrir mão de uma crença.
É curioso observar que, em grande parte dessas pessoas, até a postura física é rígida. Não há leveza nos seus gestos, possuem movimentos bruscos.
Aparentemente, são firmes e auto-suficientes, mas na verdade Isso é só fachada, pois, no íntimo, são inseguras e sentem-se indefesas. Por isso se apegam-se de maneira obsessiva ao que aprenderam. É a forma que encontram de se auto-afirmar perante os outros.
De acordo com a parte do corpo afetada, a arteriosclerose reflete a área da vida em que as pessoas têm sido mais inflexíveis.
Na região cardíaca, indica rigidez das emoções. Trata-se de pessoas que respondem aos acontecimentos de maneira fria e calculista.. Não se expressam livremente, colocando sentimento nas suas ações. Simplesmente reproduzem aquilo que aprenderam.
Geralmente são dominadoras; querem controlar os episódios da vida e, até mesmo, as pessoas queridas.
Em alguns casos, sua rigidez não se manifesta em relação aos outros, mas consigo mesmas. Comportam-se de maneira a não se permitir fazer o que gostam. Cobram de si um comportamento exemplar, assumem responsabilidades que se tomam obrigações. Quando não conseguem cumprir, ficam se torturando ou remoendo os fracassos.
Desse modo, a pessoa não vive de acordo com sua vontade. Aquilo que lhe é próprio fica sempre em último plano. Não tem argumentos suficientes para conquistar o direito de fazer o que gosta, vive em função dos outros. Sujeita-se às condições do meio, obrigando-se a atender às solicitações dos outros e cumprir as obrigações assumidas.
Essas atitudes restringem a atuação da pessoa na vida, sufocando aquilo que lhe é próprio. Reduzem a motivação e o entusiasmo. Essa condição interna é nociva para as artérias coronárias.
Na região do cérebro, a arteriosclerose ocorre devido às crenças e idéias bitoladas, que não permitem desvendar os novos horizontes. São pessoas que permanecem isoladas em seus conceitos e formalidades. Perdem o "espírito de aventura" e a predisposição às novas descobertas.
Ser flexível e abrir-se para a renovação interior é imprescindível para viver em harmonia com as situações cotidianas. Se a realidade afronta uma verdade nossa, isso significa que existe uma verdade ainda maior a ser descoberta. Nem sempre o que concebemos como verdadeiro é real. Nesse caso, a vida nos mostra, através das situações que nos cercam, aquilo que ainda não descobrimos. É importante ter olhos para ver e flexibilidade para admitir os episódios da vida, e assim mudar nosso senso de realidade.
A vida é um constante convite para explorar novos horizontes, sensações e descobertas. É importante ter maleabilidade suficiente para a interação com o meio externo. Deixar fluir as experiências é se fazer por inteiro nelas, sem resistência nem teimosia. Manter constante entusiasmo e motivação para vivenciar o que a vida tem de melhor. Saber enxergar o novo e se entregar a ele, renovando-se a cada instante. Esse é o melhor caminho para o bem-viver, promovendo também o desenvolvimento interior e a realização pessoal.
Devemos ser tolerantes para com aqueles que nos rodeiam. Não podemos nos anular perante os outros, nem tampouco nos deixar sufocar por eles. Precisamos encontrar uma forma de interagir harmoniosamente com a vida e as pessoas, sem conter nosso fluxo nem deixar de manifestar nossos sentimentos.
Metafísica da Saúde - Luiz Antonio Gasparetto