O que é Depressão pós-parto?
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depressão pós-parto ocorre logo após o parto. Os sintomas incluem tristeza e desesperança. Muitas novas mães experimentam alterações de humor e crises de choro após o parto, que se desvanecem rapidamente. Elas acontecem principalmente devido às alterações hormonais decorrentes do término da gravidez. No entanto, algumas mães experimentam esses sintomas com mais intensidade, dando origem à depressão pós-parto. Raramente, pode ocorrer uma forma extrema de depressão pós-parto, conhecida como psicose pós-parto.
Acreditava-se que somente as mães sofriam desse mal, no entanto, novos estudos mostram que elas também podem afetar os pais.
Depressão pós-parto não é uma falha de caráter ou uma fraqueza. Se você tem depressão pós-parto, o tratamento imediato pode ajudar a gerir os seus sintomas e desfrutar de seu bebê.
Diferença entre baby blues e depressão pós-parto
Pode acontecer de o sentimento de melancolia se manifestar de forma intensa e desmedida, fazendo com que a mãe sinta-se desmotivada diante da vida e não tenha força para lidar com a nova rotina. Nesse caso pode ser que ela esteja com um quadro de depressão pós-parto.
De acordo com a psicóloga Silvia Sueli de souza Maia, professora do curso de Psicologia da Universidade Univeritas/UNG, os custos emocionais ligados à depressão pós-parto fazem com que a mãe interaja menos com a criança. Da mesma forma, sintomas como irritabilidade, choro frequente, sentimentos de desamparo e desesperança, diminuição da energia e motivação, desinteresse sexual, transtornos alimentares e do sono, ansiedade e sentimentos de incapacidade de lidar com situações novas são emocionalmente potencializadas.
A principal causa da depressão pós-parto é também o enorme desequilíbrio de hormônios reprodutivos no pós-parto. Além disso, a privação de sono, isolamento, alimentação inadequada e falta de apoio do parceiro também podem potencializar esses fatores.
Causas
Não há uma única causa para depressão pós-parto. Fatores físicos, emocionais e de estilo de vida podem influenciar de alguma forma no surgimento da doença.
Mudanças físicas
Após o parto, ocorre uma queda dramática nos hormônios estrogênio e progesterona, e essas mudanças por si só podem contribuir para um quadro de depressão pós-parto. Outros hormônios produzidos pela glândula tireoide também pode cair bruscamente - o que pode aumentar o cansaço e sensação de tristeza. Mudanças no seu volume de sangue, pressão arterial, sistema imunológico e metabolismo podem contribuir para a fadiga e alterações de humor.
Fatores emocionais
Quando você está privado de sono e sofrendo algum tipo de estresse ou pressão psicológica, você pode ter problemas para lidar com situações do dia a dia. A mãe também pode se sentir menos atraente ou sentir que perdeu o controle sobre sua vida. Qualquer um desses fatores pode contribuir para a depressão pós-parto.
No caso dos homens, a depressão pós-parto pode surgir por conta da preocupação com sua própria capacidade de educar um recém-nascido. A ansiedade em prover uma boa vida para a criança, o aumento das responsabilidades e o suporte que se deve dar ao parceiro(a) estão entre as causas do problema. Apesar de essas causas serem comuns nos pais, também podem ocorrer com as mães.
Estilo de vida
Muitos fatores de estilo de vida podem levar à depressão pós-parto, incluindo um bebê exigente, dificuldade de amamentação, filhos mais velhos com ciúmes, problemas financeiros, falta de apoio do parceiro ou de outros entes queridos.
Fatores de risco
Fatores de risco para depressão pós-parto incluem:
- História de depressão pós-parto anterior
- Falta de apoio da família, parceiro e amigos
- Estresse, como um recém-nascido doente, problemas financeiros ou problemas familiares
- Limitações físicas anteriores ou após o parto
- Depressão durante a gravidez
- Depressão anterior
- Transtorno bipolar
- História familiar de depressão ou transtorno bipolar
- História de desordem disfórica pré-menstrual (PMDD), que é a forma grave de tensão pré-menstrual (TPM)
- Violência doméstica, que podem aumentar durante a gravidez e quando um casal está se ajustando a um novo bebê. Se o seu parceiro é violento ou emocionalmente abusivo, você e seu bebê estão fisicamente em risco, e você tem um maior risco de depressão pós-parto. Procure ajuda se possível.
Fatores de risco para psicose pós-parto incluem:
- A história pessoal ou familiar de transtorno bipolar
- Psicose pós-parto anterior.
Sintomas
Sintomas de Depressão pós-parto
Os dois sintomas mais comuns da depressão são:
- Sentimento de tristeza ou desespero constante
- Perder o interesse ou não sentir prazer na maioria das atividades diárias.
Um sintoma particularmente grave de depressão é pensar na morte e suicídio. Algumas pessoas com depressão pós-parto também podem ter uma vontade súbita e assustadora de prejudicar seus bebês.
Quase todos os dias, você também poderá:
- Perder ou ganhar peso
- Vontade de comer mais ou menos do que o habitual
- Dormir muito ou não dormir o suficiente
- Inquietação ou indisposição
- Cansaço e energia
- Sentimento de indignação ou culpa
- Dificuldade para se concentrar ou tomar decisões
- Ansiedade e excesso de preocupação.
Psicose pós-parto
Esta condição grave é mais susceptível de afetar as mulheres que têm distúrbio bipolar ou histórico de psicose pós-parto. Os sintomas, que começam geralmente durante as primeiras três semanas após o parto, incluem:
- Sentir-se desconectada com seu bebê e com as pessoas em seu entorno
- Sono perturbado, mesmo quando o bebê está dormindo
- Pensamento extremamente confuso e desorganizado, aumentando o risco de prejudicar o bebê, a si mesma ou qualquer pessoa
- Mudanças drásticas de humor e comportamento bizarro
- Extrema agitação ou inquietação
- Alucinações, que pode ser visuais, auditivas, olfativas ou pode contato
- Pensamento delirante que não se baseia na realidade.
Diagnóstico e Exames
Buscando ajuda médica
Se você tiver pelo menos cinco dos sintomas acima por duas semanas ou mais, e um dos sintomas é ou tristeza ou perda do interesse, você pode ter depressão pós-parto e precisar de tratamento.
Ainda que você não tenha outros sintomas além da tristeza ou indisposição, é importante buscar ajuda médica e conversar sobre os benefícios que um tratamento poderia trazer. Quanto mais cedo você começar o tratamento, melhor será a sua chance de uma recuperação rápida e completa.
Se você está se sentindo deprimido após o nascimento do seu bebê, você pode estar relutante ou vergonha de admitir isso. Mas é importante chamar o seu médico se os sinais e sintomas de depressão piorarem e prejudicarem suas atividades.
Para pessoas que tem sintomas de psicose pós-parto, deve ser tratada como uma emergência que requer tratamento médico imediato. Se você ou sua parceira tiver quaisquer sintomas psicóticos, procure ajuda de emergência imediatamente.
Na consulta médica
Especialistas que podem diagnosticar uma depressão pós-parto são:
- Psicólogo
- Psiquiatra
- Endocrinologista
- Ginecologista e Obstetra
Estar preparado para a consulta pode facilitar o diagnóstico e otimizar o tempo. Dessa forma, você já pode chegar à consulta com algumas informações:
- Uma lista com todos os sintomas e há quanto tempo eles apareceram
- Histórico médico, incluindo outras condições que o paciente tenha e medicamentos ou suplementos que ele tome com regularidade
- Se possível, peça para uma pessoa te acompanhar.
O médico provavelmente fará uma série de perguntas, tais como:
- Quais são os sintomas e quando eles começaram?
- Os sintomas estão melhorando ou piorando ao longo do tempo?
- Os sintomas afetam sua capacidade de cuidar do bebê?
- Você se sente tão ligada ao bebê quanto esperava?
- Você é capaz de dormir tem a chance e sair da cama quando é hora de acordar?
- Como você descreveria o seu nível de energia?
- O seu apetite mudou?
- Quantas vezes você diria que fica ansiosa, irritada ou com raiva?
- Você já teve algum pensamento de autoagressão ou agressão ao bebê?
- Qual é o apoio que você tem para cuidar do seu bebê?
- Você sofre com algum problema financeiro ou no relacionamento?
- Você recebeu o diagnóstico de quaisquer outras condições médicas, incluindo distúrbios psiquiátricos, como depressão ou transtorno bipolar?
- Você recebe ou recebeu tratamento para outros sintomas psiquiátricos? Se sim, que tipo de terapia ajudou mais?
Também é importante levar suas dúvidas para a consulta por escrito, começando pela mais importante. Isso garante que você conseguirá respostas para todas as perguntas relevantes antes da consulta acabar. Para depressão pós-parto algumas perguntas básicas incluem:
- Qual é o meu diagnóstico?
- Quais tratamentos vão me ajudar?
- Quais são os possíveis efeitos colaterais dos tratamentos que você está propondo?
- Quanto e em quanto tempo você espera que os meus sintomas melhorem?
- O medicamento que você está prescrevendo seguro para tomar durante a amamentação?
- Durante quanto tempo vou precisar receber tratamento?
- Que mudanças de estilo de vida podem me ajudar a gerenciar os sintomas?
- Quantas vezes tenho que fazer visitas de acompanhamento?
- Estou em risco aumentado para outros problemas de saúde mental?
- Estou em risco dessa condição voltar se eu tiver outro filho?
- Existe alguma maneira de evitar a reincidência se eu tiver outro filho?
- Há algum material impresso que eu posso levar comigo? Quais sites você recomenda?
Não hesite em fazer outras perguntas, caso elas ocorram no momento da consulta.
Diagnóstico de Depressão pós-parto
O Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM) da Associação Americana de Psiquiatria considera depressão pós-parto um subtipo de depressão maior. De acordo com o manual, para depressão pós-parto ser diagnosticada, os sinais e sintomas da depressão devem se desenvolver dentro de quatro semanas após o parto. Sinais de um episódio depressivo incluem, em parte:
- Humor deprimido na maior parte do dia, quase todos os dias
- Redução de interesse e prazer nas atividades
- Mudança significativa no apetite ou mudança inesperada no peso
- Incapacidade de dormir (insônia) ou sonolência excessiva (hipersonia)
- Agitação ou movimentos mais lentos
- Fadiga ou falta de energia
- Sentimentos de inutilidade
- Capacidade reduzida de pensar, concentrar-se ou tomar decisões
- Pensamentos recorrentes de morte ou suicídio.
Para distinguir entre um caso de curto prazo e uma forma mais grave de depressão, o médico ou médica pode pedir para você preencher um questionário de triagem de depressão. Além disso, o médico provavelmente irá realizar exames de sangue para determinar se uma disfunção da tiroide está contribuindo no quadro.
Se há histórico pessoal de depressão, depressão pós-parto, psicose pós-parto ou transtorno bipolar, é importante acompanhar com o médico ou médica de perto antes mesmo dos sintomas começarem. Alguns especialistas sugerem que as mulheres de alto risco tenham seu primeiro check-up pós-natal três ou quatro semanas após o parto, em vez das habituais seis semanas.
Tratamento e Cuidados
Tratamento de Depressão pós-parto
Medicamentos
Os antidepressivos são frequentemente utilizados, geralmente em combinação com a orientação e suporte.
Você pode começar a sentir-se melhor dentro de 1-3 semanas após iniciar o tratamento com antidepressivos. Mas pode levar até 6-8 semanas para ver mais melhorias. Se você tiver dúvidas ou preocupações sobre seus medicamentos, ou se você não notar nenhuma melhora por três semanas, marque uma consulta médica.
Os antidepressivos são normalmente utilizados durante pelo menos seis meses. Para evitar uma recaída, o seu médico ou médica pode recomendar o medicamento por até um ano antes de pensar em parar. Pacientes que tiveram várias crises de depressão podem precisar tomar o medicamento por um longo tempo.
Entre os medicamentos usados para tratar depressão pós-parto estão:
- Inibidores seletivos da recaptação de serotonina
- Antidepressivos tricíclicos
Pacientes com depressão pós-parto moderada a grave devem combinar a medicação com terapia. Pacientes com depressão leve podem não precisar dos medicamentos.
Psicoterapia
O aconselhamento ajuda a prevenir e tratar a depressão-pós parto e depressão durante a gravidez. Para melhorar o sucesso do tratamento, ambos os pais devem tentar participar.
- Terapia cognitivo-comportamental ajuda a tomar conta da maneira como você pensa e sente.
- Aconselhamento interpessoal fornece suporte emocional e ajuda na resolução de problemas e definição de metas.
O seu médico ou médica pode recomendar um(a) psicólogo(a) ou psiquiatra que se especializou no tratamento da depressão pós-parto. Para tratar eficazmente a depressão, é importante que você e seu conselheiro tenham uma relação confortável.
Você também pode se beneficiar de:
- Ter um(a) babá durante meio período ou em tempo integral
- Exercícios para fortalecer os laços entre paciente e bebê.
Terapia hormonal
A reposição hormonal pode ajudar a neutralizar a queda rápida nos níveis de estrogênio que acompanha o parto, aliviando os sintomas de depressão pós-parto em algumas mulheres. Entretanto, ainda não é comprovado que a terapia hormonal possa prevenir ou tratar a depressão pós-parto. Tal como acontece com os antidepressivos, é importante pesar os riscos e benefícios potenciais do tratamento com terapia hormonal.
Psicose pós-parto
Psicose pós-parto requer tratamento imediato, muitas vezes no hospital. Quando a segurança da paciente está garantida, uma combinação de medicamentos - como antidepressivos, antipsicóticos e estabilizadores de humor - pode ser usado para controlar os sintomas. Às vezes, a eletroconvulsoterapia é recomendada também.
O tratamento para a psicose pós-parto pode afastar a mãe do bebê por muito tempo e tornar a amamentação difícil, e alguns medicamentos utilizados para tratar a psicose pós-parto não são recomendados para mulheres que estejam amamentando.
Convivendo (prognóstico)
Convivendo/ Prognóstico
Depressão pós-parto geralmente não é uma condição que você pode tratar por conta própria - mas você pode fazer algumas mudanças que ajudam o tratamento a ser mais efeito. Veja:
- Faça escolhas de vida saudáveis, como praticar atividade física, manter uma dieta equilibrada e evitar vícios como tabaco e álcool
- Não coloque cobranças excessivas em cima de você
- Arranje um tempo para si mesma
- Se concentre em manter seus pensamentos positivos
- Evite o isolamento.
Lembre-se, a melhor maneira de cuidar de seu bebê é cuidando de si mesma.
Complicações possíveis
Se não for tratada, a depressão pós-parto pode interferir com o vínculo mãe-filho e causar problemas familiares. Filhos de mães que têm depressão pós-parto não tratada são mais propensos a ter problemas de comportamento, como dificuldades para dormir e comer, crises de birra e hiperatividade. Os atrasos no desenvolvimento da linguagem são mais comuns também.
Depressão pós-parto não tratada pode durar meses ou mais, por vezes tornar-se um distúrbio depressivo crônico. Mesmo quando tratada, depressão pós-parto aumenta o risco de futuros episódios depressivos.
Prevenção
Prevenção
- Peça ajuda de outras pessoas para que você consiga dormir bem, manter uma alimentação saudável, fazer exercício físico e receber apoio na medida do possível.
- Fique longe de cafeína, álcool e outras drogas ou medicamentos, a menos que recomendado pelo seu médico ou médica.
- Se você está preocupado com a depressão pós-parto, faça seu primeiro check-up pós-natal três ou quatro semanas após o parto em vez das habituais seis semanas.
- Mulheres cujo risco para depressão pós-parto é maior pode querer tomar medidas adicionais para prevenir a depressão pós-parto.
Referências
Revisado por: Fábio Roesler, psicólogo e Neuropsicólogo da Clínica de Cefaleia e Neurologia "Dr Edgard Raffaeli"
Clínica Mayo – organização sem fins lucrativos dos Estados Unidos que reúne conteúdos sobre doenças, sintomas, exames médicos, medicamentos, entre outros.
Manual Merck - livros de referência médica produzidos pela empresa farmacêutica Merck & Co., que cobrem uma ampla gama de temas médicos, incluindo doenças, testes, diagnósticos e medicamentos.